Hoje decidi iniciar o blog da Saúde Criança Recontar. Acredito que estes momentos devam vir por inspiração, e ontem o dia foi perfeito para isto.
Para aqueles que não conhecem, a Saúde Criança Recontar é uma organização que apóia famílias da Grande Florianópolis - em vulnerabilidade social e com crianças doentes - através do desenvolvimento de um plano em cinco áreas: Saúde, Educação, Moradia, Renda e Cidadania, e este plano será acompanhado pela organização junto com as famílias por um período de até dois anos.
O objetivo é que a família consiga depois seguir seu rumo sem depender de ajuda externa, que ela realmente se estabilize para conseguir criar seus filhos de forma saudável.
Toda esta metodologia tem o nome de Plano de Ação Familiar (PAF), que teve início em 1991, no Rio de Janeiro, a partir da iniciativa de uma médica chamada Vera Cordeiro, que iniciou a Saúde Criança Renascer - veja vídeos: Documentário Skoll Foundation, Documentário Kinder Foundation (Parte I e Parte II). Aqui em Florianópolis a história tem início com Bébhinn Ramsay e com a médica Marisa Fantin. As duas têm histó
rias de vida muito bonitas, são pessoas muito fortes e que conseguiram construir uma organização realmente baseada em valores de sustentabilidade. Bébhinn Ramsay é irlandesa, formada em Administração pela Universidade de Dublin e com mestrado em políticas sociais pela London School of Economics, foi aceita para doutorado na mesma área em Oxford. Ela já trabalhou em organizações como McKinsey, Instituto Promundo, John Snow Brasil e Save the Children Internationl. Marisa Fant
in é formada em medicina pela UFSC, em Homeopatia pela AMHPR, em Curitiba, e tem experiência de trabalho em pediatria e homeopatia, além de cursos nas mais diversas áreas, como neuro-psico-biologia e bio-psicologia. Atualmente ela trabalha como pediatra no Hospital Florianópolis e em consultório particular. É presidente da Associação Médica Homeopática de SC e professora de curso de pós-graduação em Homeopatia.
E a equipe da Saúde Criança Recontar é formada hoje por profissionais super especializados, contando com graduados, pós-graduados, mestres e mestrandos nas áreas de administração, jornalismo, direito, medicina, nutrição, psicologia, serviço social, odontologia, arquitetura e pedagogia.
Desde o ano passado, a Saúde Criança Recontar já atendeu 14 famílias, das quais 10 continuam no programa atualmente. Neste ano a meta é chegar a 30 famílias, e duas famílias novas já entraram em fevereiro.
E além da medição de indicadores acompanhados periodicamente, como renda, saúde mental e melhora da saúde física da criança, que conseguem mensurar o impacto da Saúde Criança Recontar na vida destas famílias, muitas vezes é a parte subjetiva que nos faz ver que o programa está tendo impacto. É o brilho nos olhos, a vontade de mudar, a mudança nos hábitos de vida destas famílias. E ontem eu tive o privilégio de assistir a 3 destes episódios que me fizeram ver que o impacto realmente está acontecendo. Vou contar estes episódios para vocês:
1) Na hora do almoço eu estava conversando com duas das mães atendidas na cozinha, e comentei com elas sobre o último lanche preparado por nossas nutricionistas T
haisa Navolar e Gabriela Bennemann - um sorvete de banana. Todos elogiaram muito o sorvete (que é feito somente com bananas batidas no liquidificador até virarem um creme, e depois coloca-se no refrigerador)! Mas a parte que me fez orgulhar de trabalhar na instituição foi quando as mães comentaram que prepararam o sorvete em suas casas, e que seus filhos tinham adorado! Ressalta-se que as famílias atendidas entram na organização geralmente com uma aversão acentuada à alimentação consistente de produtos integrais e orgânicos, e por isto é tão bom saber que elas estão preparando estes alimentos em casa também! 2) Depois do almoço f
iquei brincando com dois irmãos. Um de 3 anos e outro de 2 anos. E percebi que o nariz do menino de 3 anos estava sujo. Então sentei ele no balcão da pia do banheiro para tirar a meleca :). Neste momento ele viu ao seu lado as escovas de dentes (cada uma das pessoas atendidas tem uma escova de dente com seu nome e proteção na organização), e ele apontou qual era a sua escova!! e pediu para escovar os dentes. Nisso, seu irmão de 2 anos também quis escovar seus dentes. Os dois escovaram seus dentes
com a minha ajuda. A mãe dos meninos tem 37 anos, e ela tem somente 1 dente na boca, e ela antes não prestava atenção para a saúde bucal de seus filhos. Esta vontade de escovar os dentes certamente surgiu devido ao projeto Meu Sorriso, realizado pela dentista Verena Siegmund T. Soares.
3) Uma de nossas mães é analfabeta, e ela não consegue se locomover muito bem na cidade devido a isto. Antes ela não vinha para o projeto sem a presença do marido. Depois ela conseguia chegar até o centro da cidade sozinha e nós a buscávamos para vir para a Agronômica. Agora ela sabe quais ônibus ela deve pegar para chegar aqui, e vem sozinha, e feliz. Ontem ela me pediu ajuda para ir ao Hospital Infantil (que fica a 15 minutos da Saúde Criança Recontar) pegar remédios para seu filho - ela queria aprender o caminho para poder buscar os remédios sozinha nas próximas vezes. Fui então com ela ao HIJG. No caminho fiquei conversando com ela sobre como estava sua família e sobre sua participação no programa. E dois comentários me deixaram muito feliz: Ela disse que nos dias em que ela não pode vir participar das atividades por algum motivo, ela fica muito triste e teve um dia que até chorou devido a isto. E porque isto é relevante? Pois demonstra que ela se apegou ao programa pela sua transformação, pela independência que sente aqui dentro, e não somente pela parte assistencialista da cesta básica e leite. Outro comentário foi que ela preparou sabão e detergente em casa. No ano passado Thaisa Navolar e Verônica Orlandi terminaram o ano com uma oficina de produtos de limpeza - que são menos agressivos ao meio ambiente e muito mais baratos para as mães, e por isto esta mãe já os fez em casa. Ela não gasta mais dinheiro agora com produtos de limpeza específicos, ela os faz para sua família. Isto demonstra mudança de valores, de que aquilo que é comprado e que tem rótulo bonito não é necessariamente melhor, e também que você consegue levar a sua vida a partir dos itens que você tem, não precisa esperar ter tudo ou ganhar tudo.
E por isto eu estou feliz hoje, feliz por trabalhar em uma organização que faz sentido para mim, e que faz sentido para estas 12 famílias atendidas no programa. E queria dividir um pouco disto com vocês.
Um abraço,
Morgana KriegerDiretora Administrativa e de Mobilização
Isto porque seu filho é celíaco e não pode consumir nada que contenha o tal “glúten”, proteína presente nos alimentos: trigo, centeio, aveia e cevada. Esta é uma doença de origem genética (mas que pode se manifestar em qualquer idade...) em que o tratamento principal consiste na educação do hábito alimentar, já que é uma intolerância permanente, e que o consumo de uma mínima quantidade de alimentos que contenham glúten pode desencadear os sintomas.
Isto porque seu filho é celíaco e não pode consumir nada que contenha o tal “glúten”, proteína presente nos alimentos: trigo, centeio, aveia e cevada. Esta é uma doença de origem genética (mas que pode se manifestar em qualquer idade...) em que o tratamento principal consiste na educação do hábito alimentar, já que é uma intolerância permanente, e que o consumo de uma mínima quantidade de alimentos que contenham glúten pode desencadear os sintomas.
voluntária) e Paula (Diretora de Operações da Saúde Criança Recontar).
voluntária) e Paula (Diretora de Operações da Saúde Criança Recontar).
